sexta-feira, maio 11, 2007

Ponham pára-raios nas torres sineiras


"Senhores priores, eu sei como vossas mercês, com o venerando Bispo de Roma à cabeça, trovejaram tão ferinamente contra o sufrágio universal, contra a liberdade de expressão, contra a liberdade de imprensa, contra a liberdade de ensino, contra a liberdade de manifestação, contra a igualdade perante a lei, contra a liberdade de culto, contra a República, contra o 25 de Abril, contra o divórcio, contra a pílula, contra o preservativo. Trovejar até seria o menos, porque lamentavelmente chego a pressentir em alguns dos vossos colegas um ressentimentozinho por já não ser permitido queimar gente ou denunciar gente para ser queimada. Se a divindade que vossas senhorias reverenciam existisse, existência que nunca foi provada e de que me permito, discreta mas firmemente, duvidar, decerto que o perfil da personagem, como vem às vezes relatada, não se compaginaria com certos comportamentos e certas vozearias dos seus subordinados."

- escritor Mário de Carvalho, in «Jornal de Letras», nº 951

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