sexta-feira, julho 03, 2009

O Municipio do Dondo/ Aida Freudhental/ Novo Jornal / Luanda 3-07-09




Criado em 1856, procedeu ao ordenamento do aglomerado urbano, dotando-o de novas estruturas. As revoltas recorrentes na Quissama onde se acoitavam escravos fugidos das fazendas, explicam o reforço militar da vila e a construção de um forte, um quartel para duas companhias móveis, duas companhias de empacasseiros, um destacamento de caçadores e um paiol de pólvora entre 1856-68. Para responder ao crescente fluxo de mercadorias, foram abertas estradas em direcção a Pungo-a-Ndongo e Cassanje enquanto o Dondo ficou ligado a Luanda a partir de 1866 pela 1ª carreira regular de barcos a vapor da Companhia de Navegação a Vapor no Cuanza. [Boletim 0ficial de Angola, nº 39 e 52 de 1866]
O rápido crescimento económico da povoação fundamentava a petição apresentada pelos moradores em 1868: “Esta recente povoação... é actualmente uma das mais florescentes, comerciais e numerosas da provincia [cerca de 2000 almas, entre elas muitos europeus]... Estabelecimentos filiais das casas comerciais do Dondo guarnecem as margens do Quanza... comerciantes de outros concelhos vêm fornecer-se nas casas do Dondo... a existência da companhia de navegação a vapor, além de bom número de embarcações de cabotagem ... tornam esta povoação da maior importância e esperançosa de ser em poucos anos uma cidade”. [Petição dos habitantes do Dondo para elevação a vila. 25.5.1868. AHU-Lisboa]
Seria satisfeita esta expectativa dos moradores? No último quartel do século, o Dondo atingiu com efeito o maior volume de negócios com produtos como a cera, a borracha e o álcool, sendo então ponto de passagem obrigatória de funantes e aviados e de exploradores europeus que se dirigiam do litoral à distante Lunda. Contudo o súbito declínio na viragem do século seria o efeito da concorrência do caminho de ferro Luanda-Ambaca que atingiu o Lucala em 1899: a partir desse ano, as antigas rotas comerciais foram abandonadas; as mercadorias dos velhos caminhos do sertão sofreram fortes quebras, em especial a borracha, afectando os ganhos das casas comerciais e ditando o declínio da vila.
Consequentemente, o Dondo perderia parte da sua população no início do século XX, persistindo no entanto um comércio de âmbito regional, em particular de óleo de palma e coconote, reanimado pelo ramal de caminho de ferro que uniu Zenza ao Dondo. Com a ponte sobre o Kwanza, construída no início da década de 1960, o trânsito de mercadorias e passageiros por camionagem voltou a reanimar a vila, tornando-a um importante centro de comunicações entre o norte e o sul de Angola [Granado 1959]. Com a electricidade da barragem de Cambambe, foi iniciado um plano de industrialização na década de 60, que permitiu a instalação de fábricas de prensagem de algodão, de desfibra de sisal, de óleo de palma e serrações de madeira, de uma fábrica de cerveja e uma fábrica de tecidos estampados de algodão destinados ao mercado interno, que mobilizaram muita mão de obra e transformaram matéria-prima produzida internamente.

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