domingo, janeiro 31, 2010

Sou doutras coisas (somos) 30-1-2010 / Grande Equipa



Sou de outras coisas
pertenço ao tempo que há-de vir sem ser futuro
e sou amante da profunda liberdade
sou parte inteira de uma vida vagabunda
sou evadido da tristeza e da ansiedade

Sou doutras coisas
fiz o meu barco com guitarras e com folhas
e com o vento fiz a vela que me leva
sou pescador de coisas belas, de emoções
sou a maré que sempre sobe e não sossega

Sou das pessoas que me querem e que eu amo
vivo com elas por saber quanto lhes quero
a minha casa é uma ilha é uma pedra
que me entregaram num abraço tão sincero

Sou doutras coisas
sou de pensar que a grandeza está no homem
porque é o homem o mais lindo continente
tanto me faz que a terra seja longa ou curta
tranco-me aqui por ser humano e por ser gente

Sou doutras coisas
sou de entender a dor alheia que é a minha
sou de quem parte com a mágoa de quem fica
mas também sou de querer sonhar o novo dia

Fernando Tordo

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Há cada Pio, que nunca devia ter tido Pio quanto mais santo!


Marianne de 1.1.2010. O tom do artigo de Henri Tincq (jornalista, especialista das religiões) fica dado pelas suas palavras iniciais: « A beatificação de Pio XII inscreve-se numa campanha de reabilitação deste Papa desconsiderado pelo seu silêncio durante o Holocausto e pelo seu combate antimodernista. Uma iniciativa sintomática da orientação de Bento XVI , obcecado como Pio XII pela «restauração» da identidade cristã. E a demonstração de uma verdadeira regressão ideológica».


http://tempodascerejas.blogspot.com/2010/01/depois-nao-se-queixem.html

segunda-feira, janeiro 11, 2010

A CIA CONTRA ANGOLA" - de JOHN STOCKELL


A CIA CONTRA ANGOLA" - de JOHN STOCKELL

Transcrições recolhidas em : "A CIA CONTRA ANGOLA" - de JOHN STOCKELL, ex. Chefe da Força de Intervenção da CIA em ANGOLA )-- pgs.31- 39 - 44 - 46 - 47/8 - 49 -- (1ª edição - Setembro de 1979) --


-- "...Os soviéticos estão a rondar em Angola e pensa-se que a agência tem de impedi-los. Estamos a programar em conjunto a forma de dar apoio a Savimbi e Roberto. Isto é em grande, a maior coisa da Divisão para África desde o Congo. Temos 14 milhões de dólares e já começámos a enviar algumas armas por via aérea. Estamos a enviar armas apenas para Kinshasa a fim de substituir o equipamento que Mobutu está a enviar para Angola dos seus próprios stocks. A ideia é neutralizar militarmente o MPLA, até à realização das eleições em Outubro."...(afirmações de GEORGE COSTELLO, chefe de operações da Divisão da CIA para África ) --
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..."As relações turvas dos Estados Unidos com o Zaire também estimularam o desejo de Kissinger em actuar em Angola. Tanto o Zaire como a Zâmbia receavam a perspectiva de um governo apoiado pelos soviéticos nos seus flancos, controlando o Caminho de Ferro de Benguela.O Presidente Mobutu receava, particularmente,os soviéticos. Por duas vezes desde 1960 que rompeu as relações com a União Soviética e, embora as relações tivessem sido restabelecidas de cada uma das vezes,mais recentemente ele andara a fazer a corte aos Chineses, à custa tanto dos Soviéticos como dos Americanos. Na primavera de 1975 os problemas internos do Zaire tinham-se agravado e o regime de Mobutu tinha sido ameaçado pelo descontentamento.
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..."Eu estava familiarizado com a colónia portuguesa da costa Atlântica no Atlântico Sul através de viagens feitas na infância e na idade adulta. Nós visitámos os portos angolanos de Luanda e do Lobito e tivéramos encontros com missionários americanos que contavam histórias alarmantes sobre as autoridades portuguesas no interior de Angola. Em 1961 um navio da marinha norte-americana, no qual eu me encontrava como elemento da informação dos Fusileiros Navais aportou em Luanda para uma breve visita. Tarefas e missões de serviço temporárias da CIA tinham-me levado para perto de Angola, por exemplo, Lubumbashi, no Zaire, em 1967, quando o grupo de Bob Denard, composto de 16 mercenários invadiu a partir da fronteira angolana.
A minha última experiência directa com as questões angolanas tinha sido em Fevereiro de 1969 quando me dirigi de automóvel de Lubumbashi para visitar um acampamento da FNLA perto da fronteira com Angola. Constatar a indolência e indisciplina e talvez a experiência me tivesse levado a subestimar a tenacidade do movimento nacionalista Angolano, alguns anos mais tarde. Alguns soldados sem líder, fardas esfarrapadas e mulheres e crianças semi-nuas arrastavam-se por entre edifícios de tijolos delapidados, os quais eram o resto de um acampamento da Force Publique colonial belga. Sem instalações nem condições sanitárias, pouco diferia de uma aldeia africana primitiva, com as pequenas casas de tijolo a substituir as palhotas de colmo e espingardas ferrugentas a substituirem armas ainda primitivas."...
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..."Durante muitos anos os Portugueses propagandearam um sucesso exemplar na assimilação de negros para uma sociedade colonial dita isenta de barreiras raciais. Até 1974 eles pareciam acreditar que mantinham uma relação permanente com as colónias. Nos serviços clandestinos da CIA, estávamos inclinados a aceitar as declarações dos portugueses, de uma sociedade aberta, do ponto de vista racial,em Angola e aceitava-se tacitamente que a agitação comunista era em grande parte responsável pela resistência contínua dos negros ao governo português. A razão era de base. Sendo uma organização essencialmente conservadora, a CIA mantém ligação secreta com serviços de segurança locais onde quer que actue"...
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"...Em relação a Angola dizíamos normalmente... "os Portugueses estabeleceram uma sociedade anti-racial,miscegenaram-se"..."Na realidade, o papel dos Portugueses em Angola foi historicamente o da exploração e brutal repressão. Tendo iniciado em 1498, Portugal conquistou e subjugou os três reinos tribais dominantes : -- os Bakongo, os Mbundu e os Ovimbundo -- e exportou mais de três milhões de escravos, deixando vastas extensões da colónia sub-povoada. A sociedade colonial achava-se dividida em seis categorias raciais definidas pela quantidade de sangue branco em cada uma delas, com duas categorias de pretos puros, na base da escala. Os privilégios de cidadania, económicos e legais, resultavam apenas a favor dos 600.000 brancos, mulatos e assimilados ou pretos legalmente aceites entre a elite da sociedade. Os 90% da população classificados de indígenas sofreram todo o tipo de discriminação -- incluindo trabalho forçado,pancada,prisões arbitrárias e condenações sem julgamento às mãos das autoridades coloniais."...
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..."A desintegração da sociedade tradicional levou ao aumento da desorientação, desespero, e à preparação para um protesto violento"... "Por volta de 1961, Angola era um barril de pólvora negra com três grupos étnicos mais significativos organizados para a revolta.
..."A 15 de Março de 1961 as guerrilhas da FNLA realizaram um ataque em 50 pontos ao longo do rio Congo, numa frente de 640 kms., matando indiscriminadamente tanto homens Africanos e Portugueses, como mulheres e crianças.Imediatamente aviões da Força Aérea Portuguesa trouxeram reforços, utilizando armas da NATO, destinadas à defesa da área do Atlântico Norte, e começaram a atacar com uma fúria indiscriminada, bombardeando mesmo áreas que não tinham sido afectadas pela sublevação nacionalista. A política portuguesa prendeu nacionalistas, protestantes, comunistas e eliminou sistematicamente líderes negros executando-os ou utilizando métodos terroristas. Ao reagir e reprimir indiscriminadamente, os Portugueses ajudavam a garantir que a insurreição não seria localizada ou suprimida"...
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..."O golpe do 25 de Abril de 1974 em Portugal apanhou os Estados Unidos
de surpresa, sem alternativas políticas à altura e sem contacto com os revolucionários africanos. A CIA não actuava no interior de Angola desde o final dos anos 50, até 1975."...
..."Apenas em Março de 1975, quando os portugueses estavam a desligar-se e a perder o controle, é que finalmente reabrimos a delegação de Luanda . Antes disso, a maior parte das informações locais da CIA sobre o interior de Angola vinham de Holden Roberto que era o líder, desde 1960, do movimento revolucionário Bakongo, chamado FNLA. Operando a partir de Kinshasa (então chamado Leopoldville), estabeleceu laços com a CIA"...
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-- Transcrições recolhidas em : "A CIA CONTRA ANGOLA" - de JOHN STOCKELL, ex. Chefe da Força de Intervenção da CIA em ANGOLA )-- pgs.31- 39 - 44 - 46 - 47/8 - 49 -- (1ª edição - Setembro de 1979) --

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Do blog ANGOLABRASIL

terça-feira, janeiro 05, 2010

Passagem do ultimo discurso de Ano Novo do Américo Tomás 1-1-1974


«[...] finalmente, de acordo com o procedimento seguido em todos os anos dos meus mandatos, procedi às sessões solenes inaugurais dos novos anos lectivos realizadas em todos os estabelecimentos militares de ensino. Destacadamente me refiro à cerimónia militar que se realizou no Terreiro do Paço, no dia 10 de Junho. Mais uma vez essa patriótica cerimónia decorreu com o brilho que lhe é peculiar, nela tendo sido condecorados os bravos combatentes que mais se distinguiram na defesa das terras portuguesas de Angola, de Moçambique e da Guiné. E, além das distinções concedidas, evocaram-se, saudosamente, comovidamente e com toda a gratidão, aqueles que nessa defesa perderam a vida. E, como tem sucedido nos anos anteriores, cerimónias semelhantes se realizaram noutras cidades da Metrópole e no Ultramar e em todas elas o fulgor das cerimónias foi idêntico. [...]»