quinta-feira, setembro 23, 2010

Negócios impróprios para Beócios!

Isabel dos Santos: Filha do Zé Dú à conquista de Moçambique



Chamam-lhe princesa, mas é cada vez mais Rainha Isabel do "doing business" à moda angolana. Angola já é sua, com negócios em áreas estratégicas para esticar a sua mola sem rebentar a corda. Dizem que, pelas suas alianças tácticas empresariais, já é a mulher mais poderosa de Portugal. Agora, ela vem aí: aos 37 anos, Isabel dos Santos, filha do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, está à conquista de Moçambique. À velocidade de um ZAP!



Esta mulher não pára! É assim como muitos preferem qualificar a sanha conquistadora da filha mais velha de Zé Dú, como carinhosamente é tratado o Presidente de Angola José Eduardo dos Santos.



Isabel dos Santos, a empresária mais influente de Angola no Mundo inteiro (incluam-se empresários que vestem calças por força da genética), está a chegar a Moçambique, dentro em breve. Princesa em Angola, poderosa em Portugal, ela vai expandir agora os seus tentaculares negócios à Varanda do Índico, cuja porta de entrada é o lucrativo negócio da televisão por subscrição, no caso a televisão por satélite.



Através da ZAP, negócio em que ela participa com 70 porcento associada à portuguesa Zon (com os restantes 30%), Isabel dos Santos entra no mercado da TV em sinal fechado concorrendo com a TV Cabo portuguesa e a DSTV Moçambique – subsidiária da multinacional de origem sul-africana DSTV Multichoice.



Os media (TV e agências de comunicação) e as telecomunicações (móveis, Internet, transmissão de dados em banda) são um negócio bastante apetecível em Moçambique, não obstante no capítulo da TV por satélite tenha entrado no país, há dois anos, e em pouco tempo decretado falência a GTV África, subsidiária da britânica Gateway Communications.



A ZAP vai oferecer jogos da Liga Portuguesa de futebol, um exclusivo garantido para Angola e Moçambique através do canal Sport TV África, bem como os canais portugueses SIC Notícias, SIC Mulher, TVI 24, TVI Internacional e o Económico TV.



Segundo informações veiculadas esta semana, com ênfase para a imprensa económica lusa, José Pedro Pereira da Costa, administrador financeiro da Zon, está esta semana no País para tratar dos últimos detalhes antes do início da comercialização do serviço de satélite. Pereira da Costa adiantou que a ZAP já começou a contratar pessoas no país e que a operação, a acontecer no final do primeiro trimestre deste ano, será similar à lançada em Angola. “Vamos ter os mesmos canais e usar o mesmo satélite”, explicou, citado pelo Correio da Manhã de Portugal.



Potencial vencedora da terceira licença de telefonia móvel em Moçambique



Os tentáculos de Isabel dos Santos não se ficarão pelo universo da televisão, pelo campo dos media e das telecomunicações.



A filha mais velha de Zé Dú é potencial vencedora do concurso para a adjudicação da terceira licença de telefonia móvel em Moçambique, uma vez os seus interesses empresariais estarem fortemente estabelecidos em dois dos três consórcios concorrentes.



Concorrendo contra o consórcio Movitel - produto da aliança entre a holding do partido Frelimo (SPI – Gestão e Investimentos) e os vietnamitas da original Movitel -, Isabel dos Santos tem a vitória quase garantida via suas ligações à TMN portuguesa ou pela participação no consórcio UNI-Telecomunicações, em que via UNITEL SA partilha interesses empresariais (50%) com o “tigre” Celso Correia.



A vantagem de Isabel dos Santos não é só por ter a mão em dois dos três concorrentes mas, e sobretudo, devido a dois factores X, de acordo com analistas insiders do meio empresarial moçambicano e familiares ao negócio.



O primeiro factor X é que tecnicamente a TMN oferece garantias de melhor qualidade técnica, gozando do expertise internacional da portuguesa PT - que acaba de vender a sua participação na brasileira Vivo para a rival espanhola Telefónica.



A TMN é um consórcio entre a PT e o Grupo Visabeira Moçambique, sendo que a PT é parceira com a mesma margem (25%) que Isabel dos Santos na UNITEL SA, de Angola - os restantes 50% da estrutura accionista são divididos pela holding e petrolífera angolana Sonangol e pela Vidatel.



Nas suas várias ramificações empresariais, Isabel dos Santos é dona da GENI angolana, que por sua vez entra na estrutura do Banco Espírito Santo Angola (BESA).



O BESA é detido maioritariamente pelo BES de Portugal, esse mesmo banco sobre o qual na semana antepassada noticiámos que vai entrar na estrutura accionista do Moza Banco.



A ligação directa de Isabel dos Santos à PT é, por isso, concretizada pela participação do BES na PT. Seja como for, Isabel dos Santos e a PT detêm juntos 50% da UNITEL SA, que se juntou à moçambicana Energia Capital SA no consórcio UNI-Telecomunicações.



Naquilo que o jornalista do SAVANA Francisco Carmona designou como um novo mapa cor-de-rosa, a Energia Capital SA representa os interesses do Grupo INSITEC, do tigre Celso Correia, que tal como Isabel dos Santos tem fibra bancária (segundo Factor X) para avançar com a melhor proposta financeira na corrida ao indicativo 86 que será conferido à terceira operadora de telefonia móvel do país.



Unir TV, telefonia móvel e Internet e investir na energia



Caso consiga aliar a telefonia móvel à televisão, analistas do doing business nacional vaticinam que Isabel dos Santos deverá atacar o negócio da Internet em Moçambique, agregando essas três ramificações das telecomunicações e explorando o vindouro negócio da televisão móvel.



Segundo @Verdade apurou no meio empresarial, os interesses da primogénita do Zé Dú não deverão ficar-se por aí, porquanto ela pretenderá investir no próspero sector da energia. A sua entrada poderá processar-se via aliança com a Energia Capital de Celso Correia, não se descartando a hipótese de uma ligação com um dos homens da energia com mais tarimba, Salimo Abdula.



@Verdade sabe que Isabel dos Santos teve um encontro privado com Salimo Abdula, à margem da visita da comitiva empresarial moçambicana a Angola, no voo inaugural da LAM no ano passado, assinalando o regresso da rota Maputo/Luanda/Maputo.



Não se sabe se esse encontro foi com o Salimo Abdula presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA) ou com o Salimo Abdula investidor decano no sector da energia e derivados.



Mas, certamente, terá manifestado a sua vontade de investir em Moçambique.



Rainha Isabel, tão famosa como Njinga Mbandi



Na historiografia angolana há uma mulher de consenso, quanto ao poder que detinha: é a Rainha Njinga Mbandi. Considerada o maior símbolo da resistência angolana à colonização, não só lutou contra a ameaça do colonizador como também aliou os povos do Ndongo, Matamba, Kongo, Kasanje, Dembos, Kissama e do Planalto Central, naquela que a história reza como a maior aliança que se constituiu para lutar contra os portugueses.



Não será blasfémia nem heresia considerar que Isabel dos Santos corre sérios riscos de se tornar tanto ou mais famosa que a mítica Njinga Mbandi, mundialmente. Pelo menos nos motores de busca Google e Bing, Isabel dos Santos já é infinitesimamente citada por força das suas participações em negócios tão lucrativos quão estratégicos quais:



Casinos em Angola, em aliança com o magnata macaense Stanley Ho, o tal que cedeu quase metade da sua participação no moçambicano MozaBanco ao BES, sabendo-se que esta aliança dos Santos/Ho pretende expandir para Moçambique também o negócio da roda da sorte e azar e das chamadas máquinas caça-níqueis ou slot machines;



Bancos, em Angola e Portugal, com importantes investimentos no banco português BPI (9,69%), no Banco Espírito Santo Angola - BESA (20%), no BIC (25%), e no Banco Fomento Angola (49,9% através da UNITEL);



Telecomunicações em Angola e Portugal, detendo 25 porcento da UNITEL, através da GENI, e participando ínfima mas lucrativamente na PT portuguesa.



“A mulher mais poderosa de Portugal é angolana”



Num traço do seu perfil empresarial escasso em adjectivos mas prenhe de substantivos, o Jornal de Negócios de Portugal dedicou-lhe uma matéria em que a associa à maioria dos dez mais ricos de Portugal e a compara às suas mulheres mais ricas, para concluir que “a mulher mais poderosa de Portugal é angolana”.



Será que o mesmo não será aplicado a Moçambique, dentro de alguns anos?

Termo de comparação: a mulher mais rica de Portugal, segundo a revista Exame, é Maria do Carmo Moniz Galvão Espírito Santo Silva, com uma fortuna de 731 milhões de euros; com apenas uma fracção do seu dinheiro (na Galp, BPI, Zon, BESA), Isabel já tinha em Janeiro passado quase dois mil milhões de euros.



O autor da peça, Pedro Santos Guerreiro, chega ao extremo de referir que aliando todas as suas conexões empresariais à sociedades portuguesas, Isabel dos Santos “dá um índice bolsista”.





Isabel dos Santos joga os seus interesses em rivais nos vários sectores estratégicos da economia portuguesa. Astuta, Isabel dos Santos dá-se ao luxo de protagonizar proezas como esta: os últimos dois grandes negócios dela em Portugal, no BPI em 2008 e na Zon em 2009, tiveram uma curiosidade cabalística - ambos foram fechados na terceira semana de Dezembro; ambos de 10%; ambos por 164 milhões.



Filha mais velha de José Eduardo dos Santos e da azeri Tatiana Kukanova, Isabel nasceu em 1973 em Baku (Azerbaijão), quando o pai foi estudar Engenharia de Petróleos no Instituto de Petróleo e Gás de Baku, ex-União Soviética.



Isabel viveu grande parte da vida em Londres, onde estudou Gestão e Engenharia e conheceu o também empresário congolês Sindika Dokolo, com quem se casou em 2003.



Empossado Presidente de Angola aos 37 anos, a 21 de Setembro de 1979, após a morte de Agostinho Neto 11 dias antes, vítima de cancro, Zé Dú vê a sua filha tornar-se poderosa aos 37 anos, ao ponto de o jornalista luso Santos Guerreiro sentenciar:

“Dizem que detesta ser tratada como a filha de José Eduardo dos Santos. Pela maneira como se está a afirmar em Portugal, um dia trataremos o Presidente de Angola como o pai de Isabel dos Santos.”

http://www.verdade.co.mz/destaques/economia/isabel-dos-santos-filha-do-ze-du-a-conquista-de-mocambique.html

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